De acordo com as divisões territoriais de 31 de dezembro de 1936 e de 31 de dezembro de 1937, bem como o quadro anexo ao Decreto Lei 1.010, de 30 de março de 1938, o território de Uiraúna figurava como Distrito de São João do Rio do Peixe.
Em 15 de novembro de 1938 o distrito de Belém passava-se chamar Canaã.
A luta pela autonomia política começou por volta de 1942, sendo concretizada somente em 2 de dezembro de 1953, sob Lei Estadual de número 972. Assinada pelo então governador da Paraíba, José Fernandes de Lima, a lei previa a instalação oficial do município a 27 de dezembro do mesmo ano. Nesta data foi empossado o primeiro prefeito, o norte-rio-grandense Adolfo Rodrigues.
O principal defensor da autonomia foi Osvaldo Bezerra Cascudo, com a contribuição do então deputado estadual Fernando Carrilho Milanez.
A história de Uiraúna está relacionada com o desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no litoral paraibano, devido a concorrência com as Antilhas, que tornou a pecuária extensiva a base econômica do sertão, este fato favoreceu sua ocupação com a criação rotas e feiras de gado. Uiraúna por situar-se na divisa Paraíba-Rio Grande do Norte-Ceará foi ponto estratégico de ocupação.
Outro fator importante para a sua colonização foi o espírito expansionista da família D'Ávila que anexaram a seus domínios as terras banhadas pelo Rio do Peixe (Sousa, São João do Rio do Peixe, Uiraúna...), eles provinham da Casa da Torre na Bahia e exploraram grande parte do Nordeste brasileiro com o intuito de acumular capitais através da pecuária.
Tendo em vista o grande território conquistado pela Casa da Torre, os Dávilla para que pudessem assegurar a ordem e impor a soberania de Portugal começaram a outorgar títulos de capitão-mor, sargento-mor e entre outros, com o intuito de estabelecer o domínio em suas terra, nomeavam também procuradores que lhes pagavam o foro e lhes serviam em troca de apoio e força junto ao governo colonial.
Há relatos que mostram que em 1691, o capitão-mor Antônio José da Cunha, vindo de Pernambuco, estabeleceu-se na região, onde hoje está situado o município, organizando fazendas de gado e conseguindo a amizade dos índios Icós pequenos que habitavam a região do Rio do Peixe e eram tribo dos Tapuias-Cariris.
Nessa conjuntura, pelos idos do século XVIII o território foi doado em forma de sesmaria ao alferes Alexandre Moreira Pinto e a João Nunes Leitão.
Vale destacar a importância do Rio do Peixe, que mesmo intermitente, revelou-se como importante meio de sobrevivência tanto para os índios quanto para os criadores de gado e seus respectivos escravos.
Na segunda metade do século XIX os senhores João Claudino de Galiza, Henrique Caetano de Galiza, Claudino Coutinho de Galiza e Joaquim Duarte Coutinho fixaram-se na região e deram-lhe o nome de Belém do Arrojado, em 1872.
Por volta de 1874 foi fundada uma modesta capelinha pelo Padre José Joaquim de França Coutinho (filho de Joaquim Duarte Coutinho e França Caetano Coutinho) que havia se ordenado no Seminário de Olinda e regressado com o objetivo de construir a ermida. No mesmo local onde foi construído a capela, encontra-se, atualmente, a Igreja Matriz Jesus, Maria e José, a padroeira do município é a mesma desde do século XIX.
Pelo trabalho e amor a terra natal, o Padre França é considerado o fundador do município, sendo em 1940, erguido uma estátua em sua homenagem na praça e rua que levam seu nome.
Paralelamente a vinda dos criadores de gado ao sertão, nascia no Brasil, sobretudo nos estados do Nordeste e do Sul, uma nova classe de trabalhadores, os tropeiros, que tinham papel de extrema importância para as vilas e cidades do interior, pois na ausência de caminhões (que fora inventado em 1896, mas por ter altíssimo custo só chegaria ao Brasil décadas depois) eles iam na condução das tropas de mulas buscar em outras cidades produtos que o interior necessitava. Os tropeiros uiraunenses eram conhecidos por Tropeiros do Sertão e geralmente iam ao Cariri cearense e a Mossoró na busca de rapadura, algodão e de farinha.
Durante a República Velha o município foi palco de duas grandes rebeliões famosas até hoje, são elas a Coluna Prestes e Lampião. A Coluna Miguel Costa-Prestes, mais conhecida por Coluna Prestes foi um movimento político-militar que pregava a insatisfação com a República Velha, a exigência do voto secreto e a defesa do ensino público, liderada por Luís Carlos Prestes a rebelião passa pela terra de Padre França, primeiramente pela comunidade de Aparecida, logo após chega a Luís Gomes e depois voltando a terras uiraunenses vai ao Olho d'Água Seco, depois para Santa Umbelina e também para Quixaba, quando parte em direção ao município de Vieirópolis. Lampião foi o mais famoso cangaceiro da história do Brasil, em Uiraúna suas visitas (1927) foram consideravelmente rápidas e tanto na primeira como na segunda fez o mesmo trajeto. Um fato curioso a se comentar que foi a partir da recuada de Lampião na região que começou a perder nas suas batalhas até que onze anos depois fosse morto.
Nesse período também aconteceu um fato que influenciou a formação cultural do município, foi a Revolta do Juazeiro, que consistia num confronto armado entre as oligarquias cearenses e o governo federal provocado pela interferência do poder central na política estadual, ou seja, em 1911 o prefeito de Juazeiro do Norte o Padre Cícero resolveu não aceitar algumas ordens do governo federal, em resposta o governo enviou tropas instaurando um verdadeiro conflito em todo interior cearense, então várias pessoas com medo do que poderia acontecer se refugiaram em outras cidades, assim quatro músicos da cidade de Missão Velha vieram parar em Uiraúna e em busca de emprego procuraram Padre Costa que juntos tiveram a ideia de ensinar música aos uiraunenses, desse modo nascia em 1914 a Banda Costa Correia, que hoje se chama Banda de Música Jesus, Maria e José e dá ao município o título de terra dos músicos.
Os tempos de ouro do município ocorreu durante o cultivo do algodão. Foram os criadores de gado do século XIX que deram a grande contribuição para o seus desenvolvimento nessas terras. O "ouro branco", como era chamado antigamente se adequou perfeitamente ao solo uiraunense e paraibano, e como houve alta produção várias usinas algodoeiras vieram a Uiraúna, como a SAMBRA e a ALGASA. A cidade vivia do algodão e seu desenvolvimento veio através dele, trazendo até bancos como o PARAIBAN, a Caixa Econômica Federal e o Bradesco, mas um inseto originário da América Central, o bicudo, infestou todo o Brasil trazendo altíssimos prejuízos para a cidade como principal exemplo o fim de todas essas empresas citadas acima e a perda de toda produção, levando Uiraúna e todo o Brasil a uma grave crise.
Sem informações até o momento
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Uiraúna é um dos principais municípios do Alto Sertão Paraibano. Fica, geograficamente, localizado a 476 quilômetros da capital, no extremo do estado da Paraíba e faz divisa com as cidades de Luiz Gomes, Paraná, no Rio Grande do Norte, São João do Rio do Peixe (antiga Antenor Navarro) e Icó, no Ceará. O último censo registrou uma população de 15.382 pessoas. Antes da emancipação, no dia 2 de dezembro de 1953, pertencia a Antenor Navarro. O percurso entre João Pessoa e Uiraúna é feito pela BR 230, Rodovia Governador Antônio Mariz. Para chegar ao município o visitante terá que deixar a BR 230 e seguir pela Rodovia José de Paiva Gadelha, percorrendo 38,1 quilômetros em estrada com bom asfalto, no tempo aproximado de 40 minutos.
No trajeto o viajante poderá conhecer o Vale dos Dinossauros, um equipamento turístico que recebe pesquisadores do Brasil e de várias partes do mundo. O local é preservado, guardando pegadas dos animais pré-históricos, além de abrigar um museu e restaurante. Uiraúna faz parte deste grandioso Vale. Outro famoso e agradável centro de lazer o Hotel Termal de Brejo das Freiras está implantado na cidade vizinha de São João do Rio do Peixe, a 27,1 quilômetros da Terra dos Músicos. A Empresa de Turismo Estadual administra o belo e atraente ambiente de entretenimento, composto de hotel, piscinas térmicas, locais de jogos, charretes, cavalos para passeios e diversas outras opções que oferecem conforto aos visitantes. O acesso é feito através da estrada federal asfaltada BR 450, denominada de Estrada do Sal, que cruza a zona urbana.
A Estrada do Sal é a via de escoamento das salinas do Rio Grande do Norte (Mossoró e Macau). Uiraúna é também chamada de Terra dos Músicos, Sacerdotes e Médicos por causa do grande número de pessoas que lá nasceram e abraçaram essas profissões. A Banda de Música Jesus Maria e José, patrimônio da cidade, comemorou 100 anos de fundação no dia 8 de janeiro de 2014. A tradicional Festa da Paróquia, realizada anualmente em janeiro, tem como padroeiros os componentes da Sagrada Família e é abrilhantada pelos belos acordes musicais, com dobrados que são executados pelas principais ruas, nas festividades religiosas e nas noites de quermesse. A banda mencionada teve vários maestros que eram também compositores, com destaque para Neco de Manoelzinho, Zequinha Correia, Misael Correia, Manuel Israel, Expedito Gomes, Ariosvaldo Fernandes, José Gomes Silveira (Dedé de Capitão), Valter Luz Alencar e Geraldo Moisés. Há ainda outras três bandas: a Filarmônica Ariosvaldo Fernandes, Banda Marcial Constantino Fernandes Queiroga e Banda Marcial José Alencar.
A cidade de Uiraúna passou a ser conhecida como a Olinda da Paraíba devido ao evento Una Frevo. Na época do Carnaval costuma arrastar uma multidão pelas ruas principais com muitos frevos executados por quarenta músicos da Orquestra Dedé de Capitão. Uma grande atração que tem conquistado turistas nordestinos e de outros estados brasileiros. Outro acontecimento importante é chamado de Rota do Sol, um roteiro cultural que abrange os municípios de Uiraúna, Bernardino Batista, Triunfo, Poço de José de Moura e Joca Claudino. Tem uma programação diversificada que envolve apresentações de danças regionais, concertos, palestra sobre gastronomia, oficinas, mostra de artesanato, abordagem sobre a cultura popular com visitas pelos locais históricos e trilhas. Ano passado foi contemplado com o Festival Internacional das Culturas Populares do Alto Sertão Paraibano, no qual participaram artistas internacionais com grupos locais, da Argentina, Santa Catarina, Belém do Pará, Ceará e Rio Grande do Norte.
BRASÃO
BANDEIRA